sábado, 28 de junho de 2008

"Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudade, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se achá-lo, segure-o!"
Fernando Pessoa

Hoje estou tentando não me perder ...

segunda-feira, 23 de junho de 2008

[ Segurança ] Luis Fernando Verissimo

"O ponto de venda mais forte do condomínio era a sua segurança. Havia belas casas, os jardins, os playgrounds, as piscinas, mas havia, acima de tudo, segurança. Toda a área era cercada por um muro alto. Havia um portão principal com muitos guardas que controlavam tudo por um circuito fechado de TV. Só entravam no condomínio os proprietários e visitantes devidamente identificados e crachados.

Mas os assaltos começaram assim mesmo. Ladrões pulavam os muros e assaltavam as casas.

Os condôminos decidiram colocar torres com guardas ao longo do muro alto. Nos quatro lados. As inspeções tornaram-se mais rigorosas no portão de entrada. Agora não só os visitantes eram obrigados a usar crachá. Os proprietários e seus familiares também. Não passava ninguém pelo portão sem se identificar para a guarda. Nem as babás. Nem os bebês.
Mas os assaltos continuaram.

Decidiram eletrificar os muros. Houve protestos, mas no final todos concordaram. O mais importante era a segurança. Quem tocasse no fio de alta tensão em cima do muro morreria eletrocutado. Se não morresse, atrairia para o local um batalhão de guardas com ordens de atirar para matar.
Mas os assaltos continuaram.

Grades nas janelas de todas as casas. Era o jeito. Mesmo se os ladrões ultrapassassem os altos muros, e o fio de alta tensão, e as patrulhas, e os cachorros, e a segunda cerca, de arame farpado, erguida dentro do perímetro, não conseguiriam entrar nas casas. Todas as jaenlas foram engradadas.

Mas os assaltos continuaram.

Foi feito um apelo para que as pessoas saíssem de casa o mínimo possível. Dois assaltantes tinham entrado no condomínio no banco de trás do carro de um proprietários, com um revólver apontado para a sua nuca. Assaltaram a casa, depois saíram no carro roubado, com crachás roubados. Além do controle das entradas, passou a ser feito um rigorosos controle das saídas. Para sair, só com um exame demorado do crachá e com autorização expressa da guarda, que não queria conversa nem aceitava suborno.
Mas os assaltos continuaram.
Foi reforçada a guarda. Construíram uma terceira cerca. As famílias de mais posses, com mais coisas para serem roubadas, mudaram-se para uma chamada área de segurança máxima. E foi tomada uma medida extrema. Ninguém pode entrar no condomínio. Ninguém. Visitas, só num local predeterminado pela guarda, sob sua severa vigilância e por curtos períodos.

E ninguém pode sair.

Agora, a segurança é completa. Não tem havido mais assaltos. Ninguém precisa temer pelo seu patrimônio. Os ladrões que passam pela calçada só conseguem espiar através do grande portão de ferro e talvez avistar um ou outro condômino agarrado às grades da sua casa, olhando melancolicamente para a rua.

Mas surgiu outro problema.

As tentativas de fuga. E há motins constantes de condôminos que tentam de qualquer maneira atingir a liberdade.

A guarda tem sido obrigada a agir com energia."

E ainda há quem compre ilusão ...

terça-feira, 17 de junho de 2008

[15.06.2008. Serra Sede. Niver do Japa.]

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir. Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende. Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar. Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende. Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar. Porque amigo sofre e chora. Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade. Porque amigo é a direção. Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros. Porque amigos são herdeiros da real sagacidade. Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho.

Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

Machado de Assis.

domingo, 15 de junho de 2008

[ 3x4 ] Humberto Gessinger

Diga a verdade

Ao menos uma vez na vida

Você se apaixonou

Pelos meus erros...

Não fique pela metade

Vá em frente, minha amiga

Destrua a razão

Desse beco sem saída...

Diga a verdade

Ponha o dedo na ferida

Você se apaixonou

Pelos meus erros...

E eu perdi as chaves

Mas que cabeça a minha

Agora vai ter que ser

Para toda a vida...

Somos o que há de melhor!

Somos o que dá pra fazer...

O que não dá pra evitar

E não se pode escolher...

Se eu tivesse a força

Que você pensa

Que eu tenho,

Eu gravaria no metal

Da minha pele

O teu desenho...

Feitos um pro outro

Feitos pra durar!

Uma luz que não produz

Sombra!

Somos o que há de melhor!

Somos o que dá prá fazer...

O que não dá pra evitar

E não se pode esconder...

Porque eu perdi as chaves, agora vai ter de ser por toda a vida...

Nunca fez tanto sentido uma musica.


terça-feira, 10 de junho de 2008

[ Tatuagem ] Chico Buarque - Ruy Guerra
Quero ficar no teu corpo

Feito tatuagem
Que é prá te dar coragem
Prá seguir viagem
Quando a noite vem...
E também prá me perpetuar
Em tua escrava
Que você pega, esfrega
Nega, mas não lava...
Quero brincar no teu corpo
Feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem...
E nos músculos exaustos
Do teu braço
Repousar frouxa, murcha
Farta, morta de cansaço...
Quero pesar feito cruz
Nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem...
Quero ser a cicatriz
Risonha e corrosiva
Marcada a frio
Ferro e fogo
Em carne viva...
Corações de mãe, arpões
Sereias e serpentes
Que te rabiscam
O corpo todo
Mas não sentes...

[foto da Tatoo. O cara é foda. Confira. Tinico Rosa. Ainda faço a minha com ele.]
[ Desabafo ]

A menina que cresceu e virou mulher, que deixou de acreditar em conto de fadas, que começou acreditar que só o amor vence as dificuldades e ultrapassa as barreiras mais difíceis da vida. Aquela que não gosta de amor impossível ou irreal, mas sim do amor que lhe fortalece e lhe dá ânimo para vencer a tristeza. A menina que erra bastante, as vezes acaba magoando pessoas que gosta muito e que não desiste dos seus ideais nem de seus sonhos...
Não olhe para mim e tire conclusões precipitadas pela minha aparencia ou pelo meu modo de pensar. Posso ser chata, enjuada, complicada, problemática, extressada ou patricinha algumas vezes, mas não se conhece uma pessoa pelo seu "jeitinho" ou por pouco tempo de amizade, porque a verdadeira amizade é aquela que tem um começo mas nunca um fim.
Posso estar certa de que tenho inimigos, mas são eles que me fortalecem e me dão sucesso.
A vida é cheia de barreiras para nós ultrapassarmos mas o caminho que construir pela estrada da vida me deixa mais forte e hoje posso me olhar no espelho e ver que não deixei rastros ruins por onde passei !!!

Diferença entre eu e a cinderela ???
É que meu encanto não acaba a meia noite !!!

domingo, 8 de junho de 2008

[you do not know me?] [vous ne me connais pas?]

illusions in the light of day - d'illusions à la lumière du jour
lashes and limousine - coups de fouet et de limousine
Make your beautiful face - Faites votre beau visage
shed a tear in my wine - jeter une déchirure dans mon vin
look in my eyes - regarder dans les yeux
see what you mean to me - voir ce que vous voulez dire à moi
I am the angel of illusions - Je suis l'ange d'illusions
I am the parade of fantasies - Je suis le défilé de fantasmes
Know my thoughts - Savoir mes pensées
Guess no more the - Deviner le plus
you do not know from where I came - vous ne savez pas d'où je suis arrivé
we do not know where we are going to - nous ne savons pas où nous allons
we are together in life - Nous sommes ensemble dans la vie
as two branches in a river - comme deux brindilles dans une rivière
being washed away by currents - être emportés par les courants
I you click - Je vous cliquez sur
you carries me - vous me porte
our life can be so - notre vie peut être si
you do not know me? - vous ne me connais pas?
you do not know me? - vous ne me connais pas?

quinta-feira, 5 de junho de 2008

[um conto, nada de fadas ...]
Ela está sozinha em casa, ao som de "Behind Blue Eyes". Seus pensamentos começam a se voltar para alguém que fez parte do seu passado. Alguém que ela já gostou muito. Seu presente, lhe diz: Esquece!
Ela tenta, mas não consegue. O pensamento aumenta, e ela não consegue controlar. Começam as idéias, do que se pode fazer, para mudar aquela situação. Mas as idéias são loucas.
E para ela, falta coragem. De repente, algo acontece. Algo que a surpreende.
Seus Medos. Eles estão sendo substituidos por algo que diz:
"O que você tem a perder? Você pode tentar, se não der certo, você tentou."
Ela começa a refletir a respeito. E aquelas idéias criadas por ela mesmo, começam a ter poder significativo em sua mente, pois começam a persuadi-la. Ela não quer.
Pensa: "Mas Como vou fazer isso..?", "E se der Errado..?".
Porém o desejo de mudar aquilo que até então foi igual, era maior.
E ela foi.
Fazer aquilo que já devia ter feito.

domingo, 1 de junho de 2008

"E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou mais não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? Perguntou o principezinho. Tu és bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah. Desculpa, disse o princepezinho.

Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro homens, disse o principezinho. Que quer dizer "cativar"?
- Os homens, disse a raposa, tem fuzis e caçam. É bem incomodo! Criam galinhas também. É a unica coisa interessantes que eles fazem. Tu procuras galinhas?
- Não disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necesidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim unico no mundo. E eu serei para ti unica no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...
- É possivel, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra...
- Oh! não foi na Terra, disseo principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
- Num outro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse planeta?
- Não.
- Que bom! E galinhas?
- Também não.
- Nada é perfeito, suspirou a raposa.

Mas a raposa voltou à sua idéia.
- Minha vida é monotona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos e será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar de baixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá de longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inutil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando tiveres me cativado. O trigo é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...

A raposa calouse e considerou por muito tempo o principe:
- Por favor... Cativa-me! Disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não tem mais amigos. Se queres um amigo, cativa-me!
Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentaras primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. E eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentaras mais perto...

No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares a mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, as quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mas eu me sentirei feliz. As quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.
- Que é um rito? perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meu caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!
Assim o princepizinho cativou a raposa. Mas quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quisesse que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! Disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a unica do mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te falei presente de um segredo.

Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais a minha rosa, vós não sois ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativaste a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem outras mil. Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora unica no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda: Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem duvida em transeunte qualquer pensaria que se parece convosvo. Ela sozinha é porém mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que eu pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o paravento. Foi ela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.

E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa, Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu a principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornarás eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar."

Hoje existem pequenos principes, raposas e rosas na minha vida!