domingo, 17 de agosto de 2008



[ I Just Called To Say I Love You ] Composição: Stevie Wonder

No New Year's day to celebrate
No chocolate covered candy hearts to give away
No first of spring
No song to sing
In fact here's just another ordinary day

No April rain
No flowers bloom
No wedding Saturday within the month of June
But what it is, is something true
Made up of these three words that I must say to you

I just called to say I love you
I just called to say how much I care
I just called to say I love you
And I mean it from the bottom of my heart

No summer's high
No warm July
No harvest moon to light one tender August night
No autumn breeze
No falling leaves
Not even time for birds to fly to southern sky
No Libra sun
No Halloween
No giving thanks to all the Christmas joy you bring
But what it is, so old so new
To fill your heart like no three words will ever do

I just called to say I love you
I just called to say how much I care
I just called to say I love you
And I mean it from the bottom of my heart

I just called to say I love you
I just called to say how much I care, I do
I just called to say I love you
And I mean it from the bottom of my heart
Of my heart,
...... of my heart

***
Saudades da minha saia xadrez vermelha, da meia arrastão, do salto 13cm ...

sábado, 16 de agosto de 2008




[ o homem que desafiou a vontade ]

Teve fome então comeu. Foi comendo, mastigando impetuosamente até não dar mais conta do que havia no prato. Comeu feito um colosso e quando deu-se por satisfeito veio o sono. Então dormiu. Acordou e ficou a olhar para o teto, alisando a barriga farta. Glutão despudorado. Animal sem termo. Agora saciado, aplacado pelo tédio, recorreu à tv. Umas apresentadoras muito gostosas hoje em dia. Foi visitar a moça da qual usufruía seus serviços com certa regularidade. Infeliz. Depois, olhando pro teto enquanto ela se lavava para o próximo cliente, arrastou os dedos por entre os cabelos e desesperou-se em silêncio; sabia que sentiria fome dali a pouco. Glutão encarcerado, és um servo. Decidiu ser livre e valeu-se do direito de morte, deitando na cama e recusando-se a comer. Nada do que lhe ofertavam o persuadia a mudar de idéia. Filé mignon, batata frita, bacalhau, maminha, feijoada, servidos pelo padre, depois pelo bombeiro e até pelo repórter do programa das seis. O homem, convicto, acreditava ter descoberto o sentido da vida, tinha plena certeza de que na greve das fomes residia a redenção da humanidade. Caminhava, feliz e magro, cadavérico na verdade, a uma morte que libertaria-no da “prisão da existência”. Era até uma atitude bem justificada este fim martírico que ele procurava, mas o regime durou até as entranhas famintas contorcerem dolorosamente, feito uma súplica derradeira de piedade. Aí teve um outro estalo de consciência; não poderia simplesmente morrer. Teria de continuar seu caminho para ser a testemunha viva da libertação. O calo que aperta os sapatos da mãe natureza. Decidiu que era o profeta de que necessitavam, esses pobres miseráveis, imersos no sonho irreal da vida. Tacharam-no de louco, nunca lhe davam ouvidos. Começou a andar sujo, esquivo, barbudo, despido de qualquer vaidade. Alimentava-se de grãos, frutos das árvores, cocô de passarinho... matava a sede com água de poça, água de chuva. Era uma caça à verdadeira razão de existir. Cismou com as pernas e as funções corporais; são as cordas da marionete. Sentou-se embaixo de um jequitibá e adquiriu a postura de um Sidarta. Eram duas árvores enraizadas no meio da praça; a centenária e o aprendiz de vegetal. E ficou lá, incomunicável, intocável, pagando o preço da liberdade, totalmente ebsorto de toda a mudança que se operava a sua volta. Fechou os olhos e desafiou o tempo. Já decrépito, passando por estátua aos pombos, foi combatendo os dissabores da carne até que ela um dia deixou de lhe pedir ar. E assim o mundo inteiro morreu com ele.

***

Um vira-latas veio rodeando-lhe, desconfiado, e perdeu o medo quando percebeu que a carne ainda fresca já não vinha acompanhada de vida. Então teve fome e comeu.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008



[modificação pós férias - voltando a rotina - abrindo espaços]

Necessitei fazer modificações no 'apartamento'. Há muito já devia ter feito, mas por falta de tempo, comodismo, ou sei lá o que não tinha tido a coragem de iniciar. Fazem mais de 30 dias que comecei e ainda não consegui colocar as coisas em ordem. Na verdade, terei de descobrir qual a nova ordem, pois nada voltará a ficar como antes, o que é bom, pois renovou,abriu espaços, mudou a aparência externa, o que refletiu no interior de cada um visto que está proporcionando mais prazer para quem necessitava que tais modificações fossem realizadas e está mais adaptado às necessidades reais.
Muitas coisas que foram descartadas estiveram guardadas durante anos como sendo algo importante e, no entanto, nem lembrávamos delas, Qual a importância, então, se delas pudemos prescindir durante tanto tempo?
Na realidade foi um saudável exercício de desapego.
Creio que o fato de ter que fazer uma revisão atenta de tudo, de encontrar coisas esquecidas que estavam preenchendo espaços físicos, mas que não habitavam mais em minha memória, leva a repensar o porquê de tais atitudes.
Trabalhamos bastante para ter condições de comprar coisas que necessitamos (para encher espaços ou inflar o ego), depois nos queixamos do excesso. E assim vamos levando a vida num eterno desconforto, reclamando de algo por excesso ou por falta. Onde está o equilíbrio? Ele existe como fruto de nossas escolhas e ações. E, assim como mudar para voltar a ser o que era antes é exemplo de involução, mudar para estabelecer a mesma ordem é o mesmo que repetir os erros, trocar uma relação por outra semelhante (o que é muito comum, geralmente porque o erro está na pessoa que reincide).
Entre papéis já sem valor, roupas em desuso, recordações boas e outras nem tanto vou garimpando, abastecendo a memória, reciclando sentimentos, doando os excessos, que supriram carências e que hoje só servem para nos deixar ilhado no passado sem transpor em definitivo as pontes que nos levarão a novos rumos. É certo que muitas vezes é o medo de empreender certas travessias que nos deixa prisioneiros no tempo já esgotado.
Então o acertado é olhar à frente, explorar novas possibilidade, novos caminhos sempre procurando equilíbrio para não viver em descompasso consigo, com os outros com o ambiente de modo a estabelecer bons fluxos de energia que não são permitidos quanto há excesso quer de coisas materiais que impedem a liberdade de movimento ou de emoções não trabalhadas, não elaboradas que impedem o crescimento.

Abrir espaços é libertar-se, abrir clareiras externas e internas, deixar que sentimentos sejam exteriorizados e se transformem, pois como diz Zeca&Fagner, "sentimento ilhado, morto amordaçado volta a incomodar."

Obrigada... R².C.

terça-feira, 12 de agosto de 2008



Debaixo D'agua [Composição: Arnaldo Antunes]

Debaixo dágua tudo era mais bonito mais azul mais colorido só faltava respirar

Mas tinha que respirar


Debaixo dágua se formando como um feto, sereno confortável amado completo sem chão sem teto sem contato com o ar


Mas tinha que respirar
Todo dia
Todo dia, todo dia

Debaixo dágua por encanto sem sorriso e sem pranto, sem lamento e sem saber o quanto esse momento poderia durar

Mas tinha que respirar

Debaixo dágua ficaria para sempre ficaria contente, longe de toda gente para sempre no fundo do mar

Mas tinha que respirar
Todo dia
Todo dia, todo dia

Debaixo dágua protegido salvo fora de perigo, aliviado sem perdão e sem pecado sem fome sem frio sem medo sem vontade de voltar

Mas tinha que respirar

Debaixo dágua tudo era mais bonito, mais azul mais colorido, só faltava respirar.

Mas tinha que respirar
Todo dia
Todo dia, todo dia

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em ritmo de olimpiadas e voltando ao cotidiano.
... só falta respirar.

sábado, 9 de agosto de 2008

Era Você [Composição: Vanessa da Mata]
Naquela rua
Movimentada
Meu corpo passa
Naquele beco
Naquela praça
Os meus pés
Descalços
Morenos
Parados
Marchando
Meus olhos pequenos
Pararam de amar
Naquela rua
Movimentada
Era você
Naquele beco
Naquela praça
Deixei de ser
Moleca
Morena
Bonita
Um sonho
Meus olhos
Meus planos
Deixaram de amar
Parei de amar
Se Deus quiser e me cuidar
Meu coração vai andar
Na paz que eu tanto quero
Parei de amar
Naquele caso era justo
Naquele amor tão sofrido
Amava com solidão
Moleca
Morena
Bonita
Um sonho
Meus olhos
Meus planos
Deixaram de amar
Meu lar
Meu coração
Meu doce corpo são
Minha voz
Sem nó
Minha luz
Nenhuma armadilha dessa estrada vai me fazer sofrer
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oh identificação!
desde 'existem dois tipos de pessoas: aquelas que tem medo de chuva e aquelas que tomam banho de chuva', no embalo do 'ai, ai, ai ...'.
afinal: sempre gostei das águas!
musicas que não saem do 'mp3', melodias que não saem do pensamento, ritmos que definem os movimentos e letras que definem momentos...
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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Sou um adepto da razão e não me orgulho...


Aprender a ter o olhar das crianças, que me fora roubado, pelo tempo e pela razão. Aprender a não saber explicar cientificamente tudo e não querer passar uma mensagem a todo momento, aprender a coisificar o homem, (quando este o merece) humanizar as coisas. Aprender que já fui criança, sendo assim, posso ser novamente, não a mesma, mas criança ainda posso ser. Aprender a surpreender com as banalidades, aprender que tudo é de repente, que nada é surreal, aprender que os pássaros não voam com ajuda dos ossos pneumáticos e sim por um pó de um anjo real. Aprender a por os pés no chão, levar as pedras solitárias pra sua multidão, movê-las, mover o mundo. Salvar a formiga perdida.


O poste está só, deve estar pensativo ou triste, nem as pombas o acompanham mais, fica ligado a fios, lá no alto, longe dos amigos. Algumas maritacas e pássaros já cantaram pra ele, mas pela sua frieza, parece que foi abandonado. Talvez o poste preferisse ser uma bala perdida e ficar alojado no peito ou pelo menos passear voando, livre por alguma avenida. Meu olhar de criança está ainda contaminado, penso no peito da vítima e esqueço que a bala perdida pode ser doce e não metal.


Um dia ainda consigo...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

[ em uma aula de filosofia ...]

As fantasias têm de ser irreais.
Porque no momentos, no segundo que conseguem o que quer não quer, não pode querer mais. Para poder continuar a existir o desejo tem de ter os objetos eternamente ausentes. Vocês não querem 'algo', querem a fantasia desse 'algo'. O desejo apóia fantasias desvairadas. Foi essa a idéia de Pascal ao dizer que 'somos eternamente felizes quando sonhamos acordados com a felicidade futura'.

Daí o ditado: 'O melhor da festa é esperar por ela'. Ou 'Cuidado com os seus desejos ...'
Não pelo fato de conseguir o que quer mas pelo fato de não querer mais depois de conseguir.

Então a lição de Lacan é:

"Viver de desejos não traz a felicidade. O verdadeiro significado de ser humano é a luta para viver por idéias e ideais. E não medir a vida pelo que obtiveram em termos de desejo mas pelos momentos de integridade, compaixão, racionalidade e até auto-sacrificio. Porque no final a única forma de medir o significado de nossas vidas é valorizando a vida dos outros."

Tenho assistido muitos filmes, e este considero especial. Porque no momento anseio por justiça, mas não a pena de morte como forma de punição.



A Vida de David Gale.
O filme possui um discurso humanista, mas peca na direção unidimensional, mas não há como ficar indiferente ao ponto de vista do roteiro sobre a verdade conceitual da pena de morte, de que maneira real ela serve como combate à criminalidade e a violência. Chega a ser manipulativo, mas fato que acho necessário para os fatos que o filme quer discutir.
Para isto a trama coloca um professor de filosofia, David Gale, (Kevin Spacey, muito bem na transição professor respeitável - alcoólatra suspeito de um crime) participante de uma ONG pró-vida, juntamente com sua melhor amiga e vitima de um assassinato (Laura Linney, novamente muito bem em cena). Assim, ocorre uma original situação, uma pessoa completamente contra a pena de morte se vê no corredor da morte, por um crime que se diz inocente.

terça-feira, 5 de agosto de 2008




Decálogo [VV.AA, Met 1.0 - Barcelona Metápolis, Barcelona: ACTAR, 1998]

La acción (desinhibida)
más que la prudencia (timida).

La idea (proyectiva)
más que lá análisis (erudicto).

La estrategia (operativa)
más que la planificacións (celadora).

El mapa (prospectivo)
más que la representación (literal).

El sistema (abierto)
más que lá composición (cerrada).

El proceso (evolutivo)
más que la figuración (lineal).

La diversidad (mestiza)
más que la homogeneidad (armónica).

La flexibilidad (estructural)
más que la permanencia (monumental).

(La construcción de) paisajes más que
(la construcción de) geometrías.

domingo, 3 de agosto de 2008

Homem Perfeito [Fabrício Carinejar; http://www.cronopios.com.br/blogdotexto/blog.asp?id=3382 ]

Não interessa a uma mulher um homem que saiba tudo sobre ela, um homem que saiba tudo sobre o amor, um homem que saiba tudo sobre os prazeres proibidos do corpo. Uma mulher não se interessa por um homem que não tenha uma dose de insegurança, um quê de fascínio infantil, uma ponta de orgulho bobo, uma forquilha de medo entre os joelhos.

Uma mulher não se interessa por homem que não teme as perguntas, que resolve os problemas com sarcasmo, que fala convicto e intrépido sobre os mais diversos assuntos; o coração dele congelado para transplante no isopor entre garrafas de cerveja.

Uma mulher não se interessa por homem que pisca ao garçom, que conversa nos ouvidos com os seguranças das boates, que a mostra com malícia e desfaçatez para os outros.

Uma mulher não se interessa por um homem que está se exibindo mais do que sendo transparente. Uma mulher não se interessa por um homem que ela não conta com a mínima chance de modificá-lo e elogiar as transformações.

Uma mulher não se interessa por um homem que se diverte dos próprios comentários antes dela. Uma mulher não se interessa por um homem carregado de estratégias, que encadeia a noite ideal, sem nenhuma falha, sem nenhum vacilo, sem nenhuma turbulência. Ele ensaiou com quantas antes?

Uma mulher se interessa por um homem inseguro, mas sincero, tímido, mas autêntico, que sofre com suas gafes, engatilha desculpas ao usar um palavrão, que pede ajuda para completar a noite.

Uma mulher não se interessa por um homem blindado, que não escuta, que se esconde em um personagem para contar mais um feito aos amigos. Uma mulher não se interessa por um homem que logo vai atacando, logo vai oferecendo o endereço para esticar a conversa.

Uma mulher não se interessa pelo terno alinhado, os cabelos em dia, o pescoço perfumado, se não haverá nenhum sussurro que desperte a fragilidade masculina do outro lado.

Uma mulher não se interessa em receber flores sem raízes nos dedos.

Uma mulher não se interessa por um homem convicto, que a convida para sair, que passa uma cantada impecável e finge delicadeza para ser indelicado no dia seguinte e não telefonar.

Uma mulher não se interessa por um homem que não mudará a ordem das palavras que teve sucesso com as mulheres anteriores e repetirá as mesmíssimas vaidades da conquista. Uma mulher se interessa por um homem que confunde o desejo com a loucura e tropeça nas palavras para logo descer ao chão com ela.

Uma mulher não se interessa por um homem que seduz como quem dá as cartas, um homem que solicita a conta como quem fecha um negócio, que a envolve como se fosse um investimento. Uma mulher não se interessa por um homem que não tenha também músculo nas pálpebras para chorar por ela, músculos na boca para guardar sua língua.

Uma mulher não se interessa por homens prontos, fechados, absolutamente perfeitos.

Não se interessa por cadáveres.