sábado, 6 de dezembro de 2008



[ a cura pela fala ]

- Então, diga-me, como a tirou de suamente?
-Bem, eu estava aterrorizado com a velhice e a morte. Eu lutei contra isso, mas às cegas. No desespero ataquei minha esposa e busquei refugio nos braços de alguém que não podia me dar refugio.

...

- De certa forma, eu o trai, Josef. Tenho sido desonesto com você. Completamente. Eu também me envolvi com uma mulher há alguns meses. Seu nome é Lou. Não tão diferente de sua Bertha. Linda garota. Eu me apaixonei. Ela parecia ser minha... minha mente gêmea... minha alma gêmea. Ela me fez crer que eu era o homem para quem ela estava predestinada e acreditei nela. E qunado me ofereci a ela, ela me rejeitou... em favor do meu melhor amigo no mundo. devo-lhe dizer, Josef, nem um dia se vai nem mesmo uma hora em que eu não pense nessa mulher.
- Ela é sua Bertha.
- Mas você está trabalhando dobrado, fazendo seu trabalho e o meu. Sou como a mulher mais covarde, não sou? Agachado nas suas costas. Deixando-o enfrentar todos os perigos. SOzinho. Você tem coragem!

...

- Sinto-me perdido. Não sei. Sinto que perdi a Lou. E você. Tudo, acho eu. Como tiraria Bertha da sua mente, e você tem uma fámilia? Você tem sua família e eu, minhas pretensões. Meu modo secreto de suportar minha solidão. Mas eu a glorifico, não? E não quero morrr sozinho. Não quero que meu corpo seja descoberto pelo fedor. Loume abrandou esse medo meu por um tempo. Mas você tem razão. Que ilusão!
- Friedrich!
- Qu ilusão...
- Friedrich... ela gosta de você. Ela foi ao extremos para ajudá-lo. Se suas lágrimas pudessem falar, o que diriam?
- Sinto tanta vergonha.
- Fale.
- Minhas lágrimas diriam que estamos livres. Ele nunca nos deixou sair até o Dr. Breuer abrir o portão.
- E a tristeza nas lágrimas?
- Não, não é tristeza. É um alívio. É um alívio. É a primeira vez que revelo minha solidão. Está se dissipando.
- O paradoxo. O isolamento só existe no isolamento. Uma vez compartilhado, se evapora. Meu querido amigo.
- Somos amigos.
- Sim.
- Gostei de dizer isso. Ninguém nunca me disse isso. Eu gosto disso. Gosto disso. Somos amigos.
- Friedrich!
- Isso é bom.
- Fique conosco está noite. Jante comigo e minha família.
- Não. Seria abandonar minha missão, Josef. É hora de nos separarmos...

...

Eramos amigos e nos tornamos estranhos um para o outro. É como tinha de ser. Não queremos ocultar, nem obscurecer o fato como se tivessemos de ter vergonha disso. Somos dois navios, cada qual com sua meta e seu curso. E finalmente, Dr. Breuer... nos tornamos estranhos um para o outro porque é a lei a qual estamos sujeitos.

...

- Faça uma boa viagem, meu querido amigo.

...

e Nietzche chorou...

...

Estava revendo as fotos de um final se semana em que a lógica da razão não se fez presente. Um vestido vermelho de R$1.650,00, um avião, uma Cidade Maravilhosa. Um casal firmando, afirmando, confirmando o amor diante de 300 pessoas. No final da noite, ou melhor no raiar do dia já não importava o valor do vestido vermelho, a sandália era a havaiana ao invés do salto 15. A madrinha aqui perdeu a linha no baile, junto com o padrinho. Os noivos foram em lua de mel, para a Cidade que nunca dorme, mas que fez calar, que fez o sono não vir durante esses 5 meses.

Todos falam que a vida continua, mas não enquanto... agora existe uma nova vida.

Os valores, parametros e medidas já não existem. Nem a Confiança. Passei a semana com a garganta doendo, tossindo, sentindo o nó inchada.

Cidade Maravilhosa é uma ova. Odeio rimas, mas essa foi de propósito. Podia deixar de existir Serve para "alongar" a distância até São Paulo.

Mais uma vez " Quando Nietzche chorou". Mas dessa vez por dever e casa. Precisava perceber, ou melhor, reconhecer nas falas e conversas do Dr. Breuer e Friedrich, como se repete(tia); nas relações com Bertha e Lou.

Engraçado ser ao mesmo tempo os 4 personagens.

Fui Nietzche quando me apaixonei por alguém que paracia ser minha alma Gêmea. Foi Lou em amar um amigo, enchergando sua genealidade, quando nem ele mesmo entendia. Fui Josef gostando de ter um amigo. Fui Bertha, a ilusão de refugio.

Mas sobretudo, sinto saudade da pessoa que se foi. Qua ainda está presente. Alguém que já foi o Josef (o analista); Nietzche (O analisado); Lou (a pretensão) e Bertha (a ilusão).

Porque? Eu ainda me pergunto: Por quê glorificar a solidão?

Porque o paradoxo, serve para fazer refletir...

...

Nenhum comentário: