quarta-feira, 12 de novembro de 2008

[ Será ?!?!?! ]
Todos sentem fome de amar. Há filmes, novelas, teatro, romances, canções, poemas que falam de amor. É o amor uma arte a ser aprendida? Se for, exige esforço e compreensão. Ou é uma sensação agradável, algo em que você cai quando tem sorte?

Parece que a maioria vê a questão do amor no sentido de ser amado, ao invés de amar alguém. Para tais pessoas, portanto, importa mais como ser amadas, do que como se tornar pessoas amáveis (fáceis de serem amadas).

Na busca de amor, seguem-se diversos caminhos: homens – sucesso, poder, riqueza. Mulheres – tornarem-se atraentes, corpo, vestuário. Todos – ter maneiras agradáveis, conversa interessante, prestatividade, modéstia, inofensividade.

Muitos crêem que nada há a aprender no assunto do amor, que o ponto principal é o objeto, não o aprendizado de amar. Talvez acreditem que o mais difícil é encontrar o objeto certo a amar, ou pelo qual ser amado.

Antigamente, em muitas culturas e ainda hoje em algumas culturas, não era o amor entre duas pessoas que levavam ao casamento, mas sim o desejo dos pais, acertos entre famílias. A idéia é de que após o casamento o amor se desenvolveria naturalmente. Ou pessoas apaixonadas que crêem que dentro do casamento se amarão para sempre porque a paixão presente terá o poder de manter o amor mútuo eterno sem precisar fazer nada.

Uma grande parte das pessoas fica confusa com relação ao êxtase que sentem num momento quando se sentem tomadas pela “loucura da paixão”, crendo que isto é amor. Pensam que a intensidade da paixão que sentem é como uma prova da intensidade do seu amor. Mas isso pode é provar o grau de sua anterior solidão e provável carência emocional.

Quando há falhas, rompimentos, separações, é importante examinar as razões dessa falência e estudar para entender a significação do amor, ao invés de prepotentemente achar-se capaz de amar perfeitamente e partir logo para outro relacionamento.

O amor parece ser uma arte e como tal é preciso aprendê-la, como a música, a carpintaria, a medicina, a engenharia. Nele há três aspectos a serem aprendidos:
a) Teórico;
b) Prático;
c) Dedicação.
Para o psicanalista Erich Fromm (1900-1980) os seres humanos têm a tendência natural a pressupor que amar é uma coisa fácil, pelo que buscamos ser amados antes que amar. Segundo Fromm, a capacidade de amar só se adquire plenamente na madurez pessoal: O amor infantil diz: Te amo porque te necessito (o qual é um afecto egoísta); mas o amor maduro expressa: Te necessito porque te amo.
Segundo o reconhecido psicanalista existem vários tipos de amor que convém classificar na seguinte sequência:
-Amor filial: É o vínculo que unifica o núcleo familiar mediante as relações frutíferas entre pais e filhos.
-Amor materno: É a aceitação incondicional onde a mãe ama o seu filho sem depender de nenhum mérito nem qualidade que influa na sua determinação em acolher e cuidar de seus filhos.
-Amor paterno: Baseia-se na condição dentro da qual o filho cumpra ou obedeça às normas de comportamento estabelecidas pela autoridade do pai, que o protege e motiva o filho a pôr em prática a sua capacidade de lealdade, respeito e responsabilidade necessários na vida adulta.
-Amor a si mesmo: consiste numa adequada valoração da nossa auto-estima sem a qual é impossível estabelecer qualquer tipo de apreço pelas pessoas que nos rodeiam.
-O Amor romântico: É a atracção física e mental que produz uma compatibilidade de sentimentos entre duas pessoas do sexo oposto, o que gera uma relação de reciprocidade entre o casal que os liga num compromisso que mais tarde deriva num lar compartilhado.
-O amor neurótico: Existe, não obstante algumas falsas concepções do amor que deveríamos identificar para evitar manter relações humanas que afectem a nossa saúde integral, pelo que Fromm recomenda de evitar obsessionar-se com uma pessoa em particular -amor idolátrico- que reduz o nosso suposto amor a uma simples dependência psicológica que gera uma profunda pena, frustração e desilusão.
Por último Erich Fromm recorda que amar é a ação de dar a vida sem reservas enquanto que o egoísmo mata a vontade da pessoa que deseja receber o que não é capaz de gerar em qualquer pessoa (Aqui aplica-se perfeitamente a lei da reciprocidade onde mais bem-aventurada coisa é dar que receber).
Se uma coisa aprendi da leitura deste livro é que a arte de amar é o empreendimento mais importante a que podemos aspirar nesta vida. Sim, como uma planta, o semeamos através da confiança e empatia, o regamos com carinho e perseverança e o cultivamos com o conhecimento mais íntimo das pessoas que amamos.

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