quinta-feira, 7 de agosto de 2008

[ em uma aula de filosofia ...]

As fantasias têm de ser irreais.
Porque no momentos, no segundo que conseguem o que quer não quer, não pode querer mais. Para poder continuar a existir o desejo tem de ter os objetos eternamente ausentes. Vocês não querem 'algo', querem a fantasia desse 'algo'. O desejo apóia fantasias desvairadas. Foi essa a idéia de Pascal ao dizer que 'somos eternamente felizes quando sonhamos acordados com a felicidade futura'.

Daí o ditado: 'O melhor da festa é esperar por ela'. Ou 'Cuidado com os seus desejos ...'
Não pelo fato de conseguir o que quer mas pelo fato de não querer mais depois de conseguir.

Então a lição de Lacan é:

"Viver de desejos não traz a felicidade. O verdadeiro significado de ser humano é a luta para viver por idéias e ideais. E não medir a vida pelo que obtiveram em termos de desejo mas pelos momentos de integridade, compaixão, racionalidade e até auto-sacrificio. Porque no final a única forma de medir o significado de nossas vidas é valorizando a vida dos outros."

Tenho assistido muitos filmes, e este considero especial. Porque no momento anseio por justiça, mas não a pena de morte como forma de punição.



A Vida de David Gale.
O filme possui um discurso humanista, mas peca na direção unidimensional, mas não há como ficar indiferente ao ponto de vista do roteiro sobre a verdade conceitual da pena de morte, de que maneira real ela serve como combate à criminalidade e a violência. Chega a ser manipulativo, mas fato que acho necessário para os fatos que o filme quer discutir.
Para isto a trama coloca um professor de filosofia, David Gale, (Kevin Spacey, muito bem na transição professor respeitável - alcoólatra suspeito de um crime) participante de uma ONG pró-vida, juntamente com sua melhor amiga e vitima de um assassinato (Laura Linney, novamente muito bem em cena). Assim, ocorre uma original situação, uma pessoa completamente contra a pena de morte se vê no corredor da morte, por um crime que se diz inocente.

Um comentário:

arquiteliteraturas disse...

SOBRE OS DESEJOS E A MEMÓRIA

"J'ai desirré avoir
une inconsolable mémoire".

(Duras-Renais apud Edmundo Desnocs apud Silviano Santiago, 1978, p. 41).

Interessante... Como Lacan se choca com suas anotações de filosofia!!! Mas ainda é mais trágico isto: como desse choque os desejos saem intactos!!! Os desejos...às vezes movemos mundo por satizfazê-los. Às vezes eles nos atiram ao imobilismo da fossa. O certo é que prefiro Lacan, mas como os desejos nos impelem ao ato!!!

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