sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Sou um adepto da razão e não me orgulho...


Aprender a ter o olhar das crianças, que me fora roubado, pelo tempo e pela razão. Aprender a não saber explicar cientificamente tudo e não querer passar uma mensagem a todo momento, aprender a coisificar o homem, (quando este o merece) humanizar as coisas. Aprender que já fui criança, sendo assim, posso ser novamente, não a mesma, mas criança ainda posso ser. Aprender a surpreender com as banalidades, aprender que tudo é de repente, que nada é surreal, aprender que os pássaros não voam com ajuda dos ossos pneumáticos e sim por um pó de um anjo real. Aprender a por os pés no chão, levar as pedras solitárias pra sua multidão, movê-las, mover o mundo. Salvar a formiga perdida.


O poste está só, deve estar pensativo ou triste, nem as pombas o acompanham mais, fica ligado a fios, lá no alto, longe dos amigos. Algumas maritacas e pássaros já cantaram pra ele, mas pela sua frieza, parece que foi abandonado. Talvez o poste preferisse ser uma bala perdida e ficar alojado no peito ou pelo menos passear voando, livre por alguma avenida. Meu olhar de criança está ainda contaminado, penso no peito da vítima e esqueço que a bala perdida pode ser doce e não metal.


Um dia ainda consigo...

2 comentários:

::gabriela::gaia:: disse...

hum... deu muita água na boca essa foto!
bjooo

arquiteliteraturas disse...

Dou razão a Freud e a Lacan, mas...

Como esses olhares infanto-místicos, autorizan certas fantasias em nossas adult[er]as cabeças!!! Como tais vagares no pensar nos constituem enganos voluntariamente aceitos, como se fossem produtos de uma invenção da alma, para suavizar a pele que se crispa eletrizada de razões, teses e tesões.

Talvez isso decorra de um efeito abusivo daquela derradeira luz projetada no crepúsculo, ou daquele desejo efêmero que chegou, instou, passou e não deixou rastro.

...será que se conseguem as persistências de tais quereres?

Grato pela visita ao poema do car*lho.