segunda-feira, 31 de março de 2008



[... Rifa-se um coração!

Rifa-se um coração quase novo.

Um coração idealista.

Um coração como poucos.

Um coração à moda antiga.

Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário...

Rifa-se um coração que na realidade está umpouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.

Um pouco inconseqüente que nunca desistede acreditar nas pessoas.

Um leviano e precipitado coraçãoque acha que Tim Maiaestava certo quando escreveu..."...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,é isso que eu espero...".

Um idealista...

Um verdadeiro sonhador...

Rifa-se um coração que nunca aprende.

Que não endurece, e mantém sempre viva aesperança de ser feliz, sendo simples e natural.

Um coração insensato que comanda o racionalsendo louco o suficiente para se apaixonar.

Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros.

Esse coração que erra, briga, se expõe.

Perde o juízo por completo em nomede causas e paixões.

Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos.

Este coração tantas vezes incompreendido.

Tantas vezes provocado.

Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional que abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.

Um coração para ser alugado,ou mesmo utilizadopor quem gosta de emoções fortes.

Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente, contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armadura se deixa louco o seu usuário.

Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro, na hora da prestação de contas: "O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,só errei quando coloquei sentimento.Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer".

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo.

Um órgão mais fiel ao seu usuário.

Um amigo do peito que não maltra tetanto o ser que o abriga.

Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado.

Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo.

Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.

Um simples coração humano.

Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.

Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina.

Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredose a ter a petulância de se aventurar como poeta ...]

Clarice Lispector


engraçado como faz sentido ...

domingo, 30 de março de 2008

BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRAÇAS ...



mais um final de semana prolongado, mas nada de rotina! meu find's começou na verdade na sexta, passei o dia em Cariacica num seminário sobre Habitação e Cidadania, que me fez re-acreditar no possivel caminho pro tal do PG. Foi mais um daqueles dias que são marcos, são divisores de águas. sei que soa meio piegas, confesso que odeio frases feitas, mas foi bem assim que me senti, ou melhor, que estou sentindo ...

Foi um daqueles dias de sair, não beber (estou resistindo bravamente minhas idas a botecos), e rir horrores ... dia de re-ver amigos queridos ... de receber telefonemas inesperados, e atende-los com um sorriso de criança de felicidade ...
Mas o que isso tem haver com o esse brilho eterno? é que durante alguns momentos eu desejei apagar da memória uma pessoa, pra poder continuar seguindo os estudos, os futuros amores ... e toda vez que tenho esse desejo, paro pra assitir o filme. logo vc vai entender que o tenho visto sempre ultimamente ...




uma vez li uma critica sobre o filme, em que o jornalista assume que já não namora há alguns anos, e provavelemente vai completar outro dessa forma. pois já teve a sua cota de 'pés na bunda':

[com medo de me tornar uma pessoa amarga, resolvi que o incômodo da separação só adicionaria mais peso ao meu fardo. Eu tenho baixíssima tolerância ao término de uma relação, viro uma pessoa insuportável, não consigo fazer nada direito por um tempão, me torno a própria personificação do fracasso. Não gosto de mim depois que acabo uma relação e, depois que acabei me deprimindo quando me identifiquei com a letra de um pagode rasteiro, resolvi que era hora de parar com a palhaçada. Mais: honestamente, desde que eu liguei o "foda-se" para isso, minha vida tem se encaminhado sozinha. Claro, os amigos todos falam que eu devia parar com isso (tolos...), mas "Brilho eterno..." só atesta o que eu já sei e gostaria que todos entendessem: qualquer relacionamento em geral, como diz o título do álbum do This Mortal Coil, "Vai terminar em lágrimas". A diferença é se você está disposto a aceitar isso ou não.]

confesso que de vez em quando sinto-me assim também.

[ Sabe quando você se lembra de uma música, mas emendando os versos dela com o refrão de uma outra? Isso é reproduzido no filme: como a memória "remonta" as situações em nossa mente, roubando elementos de outras lembranças e colocando-as onde nunca existiram. E grande parte dos efeitos foi realizada na própria câmera (característica do diretor). E o modo como ele mostra a mente de Joel se apagando, o modo como ele insinua no cenário que aquilo que o personagem lembra não irá existir mais... "Brilho eterno..." acaba sendo um compêndio de psicologia, pois vários conceitos, psicológicos, cognitivos etc. acabam traduzindo-se com perfeição na tela e, o que é mais impactante, sem ser exibicionismo do diretor, integrados perfeitamente a história. Ajuda o fato que este é o roteiro mais sentimental de Kaufman. Ainda abusado, mas menos "espertinho", ele não tem medo de escrever com o coração e, pela metade do filme, quando o roteiro nos leva pelas memórias de infância de Joel, o compromisso que o escritor assume com a platéia é explícito; difícil não ficar com um nó na garganta.]

http://www.zetafilmes.com.br/criticas/brilhoeterno.asp?pag=brilhoeterno

emfim, Joel e Clementine se re-encontram, apaixonam-se ... mesmo tendo 'apagado' um ao outro em suas memórias. será esse o amor?

sexta-feira, 28 de março de 2008

tudo as avessas ... pra não ficar muito diferente da realidade ...


Já começastes a fazer falta antes mesmo de ir embora ...

[ Não disse tudo o que pensei, nem o que queria. Tenho medo de me decepcionar. Se sempre tive apego a alguma coisa na vida, foi às pessoas. Me apego fácil, de um jeito quase inocente, e tudo deixo passar. Entristeço, enraiveço, enlouqueço à procura de por quês, e quando não os acho, simplesmente deixo passar. Guardo o que há/houve de bom. Se me faz bem, não sei. Para não lidar com decepções, guardo tudo pra mim, de uma forma quase egoísta, porque sei que as pessoas gostariam de saber o que estou sentindo de bom com relação a elas. Guardo porque sei que elas só quereriam saber o que se passa de bom, o de ruim de qualquer forma terei de guardar pra mim, como sempre foi. Na dúvida guardo os dois. Querendo saber, me pergunte.]

apesar de te ver dormindo, como fazes a essa hora da madrugada ...

[ E mais um "se foi" - esse eu espero que volte - ganhar asas e alçar vôo, vôo alto… que um dia pretendo alcançar. Foi ser bonito, ser feliz e, acima de tudo, deixar uma porrada de gente feliz com a presença dele sem a qual fico e agora, apenas lamentando. É um lamento feliz (se é que existe essa modalidade de lamento). O lamento por ter dito: ‘ah não vou te dar tchau porque vou ter ver em outro lugar ... ]





quarta-feira, 26 de março de 2008

hoje não acordei na minha casa, dormir fora é sempre bom! dessa vez, finalizei meu dia num buteco. numa roda de samba. com amigas que quase nunca encontro pessoalmente, mas que moram no meu coração. ouvindo os sambinhas, percebi o quanto ainda gosto de alguém ... mas enfim! o texto a seguir traduz em muito o mix de sentimentos...




"Eu deixei um buquê de flores a você esta manhã. Pedi para que colocassem as flores mais belas da floricultura, eles fizeram isto? Tomei café e saí, fiquei caminhando pelo parque, sozinho, acompanhando as crianças correndo de um lado para o outro, vendo aquele minúsculo peixe dando seu pulo magistral num lago um pouco à minha frente e vendo os casais sendo felizes com seus sonhos sutis. Por falar em “sonho”, o que eu ainda faço aqui, mandando flores e escrevendo a você?


Eu sentei para acompanhar a folha cair e ver o tempo passar, nunca me senti tão solitariamente confortável. Talvez seja por isso que escrevo e mando flores, talvez seja pelo fato de eu ter percebido que você fez brotar em mim a auto-estima que havia esquecido há anos. Mas, e o meu sonho de estar acompanhado de alguém essencialmente especial para toda a vida? Adiei. Não fugi, agora estou aqui, sentado, apenas reparando e esperando pelo momento certo, eu sei que irá acontecer, eu sei.

Eu achava que poderia construir um mundo ao seu lado e construí, ele ainda está guardado em meio as minhas iguarias, que foram somadas desde o meu nascimento até agora. Um mundo delicado e doce, como algodão doce, é como defino o nosso mundo. Uma doce lembrança que não me sai da cabeça e que fica por vezes pulando ao papel. Nosso amor não foi fotografado, mas, ficou registrado em várias e várias folhas de papel, linhas que seguiam e cresciam e nos deixava mais próximos.

Eu escrevo para dizer da minha felicidade e meu conforto em poder ter você como uma boa lembrança, do meu alívio e aconchego em saber que posso ligar a você para podermos falar das nossas vidas e das nossas boas novidades. Deixamos de ser amantes e fizemos florescer o jardim que a amizade estava cultivando desde que nos conhecemos. Não sei por quanto tempo levarei esta vida solitária e não me preocupo em querer saber, por hora, me basta a sua amizade e o meu bem querer.

Aceite minhas flores como prova do meu amor amigo."

[http://www.flickr.com/photos/brunomiranda/788174485/]



segunda-feira, 24 de março de 2008

[a pessoa errada]

"Pensando bem, em tudo o que a gente vê, e vivencia, e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente. Existe uma pessoa, que se você for parar pra pensar, é na verdade, a pessoa errada. Porque a pessoa certa faz tudo certinho: chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas.Mas nem sempre precisamos das coisas certas. Aí é a hora de procurar a pessoa errada. A pessoa errada te faz perder a cabeça, fazer loucuras, perder a hora, morrer de amor. A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar, que é para na hora que vocês se encontrarem a entrega seja muito mais verdadeira.A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa. Essa pessoa vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai estar enxugando suas lagrimas, essa pessoa vai tirar seu sono, mas vai te dar em troca uma inesquecível noite de amor. Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, mas vai estar toda a vida esperando você.A pessoa errada tem que aparecer para todo mundo, porque a vida não é certa, nada aqui é certo. O certo mesmo é que temos que viver cada momento, cada segundo amando, sorrindo, chorando, pensando, agindo, querendo e conseguindo. Só assim, é possível chegar aquele momento do dia em que a gente diz: "Graças a Deus, deu tudo certo!", quando na verdade, tudo o que Ele quer, é que a gente encontre a pessoa errada, Para que as coisas comecem a realmente funcionar direito prá gente.

Nossa missão: Compreender o universo de cada ser humano, respeitar as diferenças, brindar as descobertas, buscar a evolução."

[ Luis Fernando Verissimo]

porque hoje eu acordei com vontade de ser uma daquelas que simplesmente amam ...

"Você vive hoje uma vida que gostaria de viver por toda a eternidade?"

[Friedrich Nietzsche]


ontem passei o dia meio sonolenta. alternando entre a cama e o sofá. entro os sonhos e os filmes. em algum momento da tarde estes se confundiram. assintindo [Quando Nietzsche Chorou] houve momentos de identificação... de angustia ... de entendimento de uma vida adormecida... de sonhos reais ...

quero que tudo seja
mais verdadeiro
mais colorido
mais branco
mais limpo
mais timido
mais perfeito
mais estranho
mais quente
mais molhado
mais salgado
mais cítrico
mais ácido
mais forte
mais intenso
mais organizado

cada vez menos comum ...

domingo, 23 de março de 2008

ontem pensei em tantas coisas ...

pensei no quanto estou atrasada na faculdade.
no quanto minhas relações são instáveis.
pensei no quanto ainda devo aprender a lidar com os outros, embora já tenha aprendido bastante.
na carta de 2 páginas (frente e verso) que não enviei.
no episódio triste que ainda vou ter de descrever.
nos trabalhos interminados.
no livro que não estou lendo.
na agenda na qual não estou escrevendo.
no curso que não estou indo.
na relação que não tem nada demais.
no amigo que foi embora.
na saída de sexta-feira.
no novo affair
no sol que quero pegar.
no desodorante e escova de dente que esqueci de levar ...
no remédio antes do almoço.
no outro remédio pra conseguir dormir ...
o caderno que não vai durar esse semestre .
no projeto que não se define.
nas noites de sábado já estão comprometidas.
que não converso com meu pai há mais de 3 anos...
que preciso ter paciência.
que tenho de fazer as unhas.
que gosto muito das minhas amigas ...

mas amar, ainda, parece, agora, superficial demais ...

quinta-feira, 20 de março de 2008

"Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, quem sente não é quem é, (...) Por isso, alheio, vou lendo como páginas, meu ser. O que sogue não prevendo, o que passou a esquecer. Noto à margem do que li o que julguei que senti. Releio e digo : "Fui eu ?" Deus sabe, porque o escreveu." [Fernando Pessoa]

quinta-feira, 6 de março de 2008


A poesia mora nas ruas antigas ...



[Na alta madrugada Recife adormecia... Ficava a sonhar ao som triste da melodia, era o sucesso dos tempos ideias... a marcha regresso!]

da janela, do meu quarto, lá do nordeste ...

by Má ... voltando pra casa ...
Recife é minha ‘cidade particular’. Em cada cidade os edifícios são diferentes e dispostos de maneiras diversas. Mas em minha mente sou incapaz de distinguir os pontos que ela conserva distinta das demais. É uma cidade igual a um sonho: tudo o que pode ser imaginado pode ser sonhado. ‘A cidade como os sonhos, é construída por desejos e medos, ainda que o fio condutor seja secreto, que as suas regras sejam absurdas, as suas perspectivas enganosas, e que todas as coisas escondam uma outra coisa’.

sábado, 1 de março de 2008

[Distantes Demais -Lenine]

Somos Somente a fotografia.
Dois navegantes perdidos no cais
Distantes demais
Somos instantes, palavras, poesia
Dois delirantes ficando reais
Distantes demais
Noites de sol, loucos de amar,
Quem poderia nos alcançar.
Eu e você, sem perceber,
Fomos ficando iguais,
Longe,
Distantes demais.

...um pequeno momento de nostalgia. Há uma semana perto, perto até demais!